segunda-feira, 15 de abril de 2013

2º VERSO DOS 8 SLOKAS DE SRI CHAITANYA MAHAPRABHU



Verso 2 

namnam akari bahudha nija‐sarva‐saktis
tatrarpita niyamitah smarane na kalah
etadrsi tava krpa bhagavan mamapi
durdaivam idrsam ihajani nanuragah

"Ó meu Senhor, somente Teu santo nome pode conceder todas as bênçãos aos seres vivos, e por isso possuis centenas e milhões de nomes, como Krsna e Govinda. Nestes nomes transcendentais, aplicaste todas as Tuas potências transcendentais. Nem sequer há regras rígidas para se cantar estes nomes. Ó meu Senhor, por Tua bondade, facilmente nos possibilitas aproximarmo‐nos de Ti, cantando Teus santos nomes, mas, desventurado como sou, não sinto atração por eles."

“Ó Senhor, motivado por Sua misericórdia sem‐causa, Você manifestou Seus inumeráveis nomes e os investiu com o poder de Suas potências transcendentais. Quanto ao cantar e ao lembrar desses nomes, Você não impôs nenhuma restrição. Mesmo enquanto comendo, sentado reclinado ou dormindo, a pessoa pode cantar os Seus nomes. Eu, contudo, sou tão deplorável que não sinto atração pelo cantar de tais nomes tão liberais e magnânimos”.

Nomes Primários e Secundários
A palavra bahu, ou muitos, indica dois tipos de santos nomes do Senhor: os primários (mukhya‐nama) e os secundários (gauna‐nama). Os nomes primários incluem Krsna, Radha‐ramana e Gopijana‐vallabha, que representam a disposição do Senhor em amor íntimo e doce (madhurya); e os nomes Rama, Vasudeva, Narasimha e semelhantes, que O abordam em Sua disposição de opulência e respeito (aisvarya). Brahma, Paramatma e similares são Seus nomes secundários; eles são incompletos, separados e parciais. Os nomes primários do Senhor são não‐diferentes dEle, e possuem todas as Suas potências; enquanto que os nomes secundários representam Suas potências apenas parcialmente.

O Significado de Durdaiva
A alma espiritual é consciente (cetana). O principal significado da palavra cetana é que a alma espiritual possui independência. Entretanto, pelo mau uso de sua independência, ela se torna contrária ao serviço amoroso ao Senhor e é aprisionada no reino ilusório e efêmero de maya. Desta forma se estabelece seu infortúnio (durdaiva). Quando a jiva aceita o caminho tríplice de anyabhilasita, ou desejos materiais, karma e jnana, ela se esquece de sua verdadeira identidade espiritual, ou svarupa, e assim causa grande infortúnio a si mesma. Sob o encanto dos desejos materiais, ela abandona o serviço a Krsna e se intoxica com o desejo de satisfazer sua mente e seu corpo pessoais. Assim, ela se torna atraída pela felicidade deste mundo material inerte e se ocupa em atividades piedosas a fim de obter os fugazes prazeres celestiais. Quando, no meio de tal desfrute, ela é forçada a experimentar aflição, ela renuncia sua inclinação ao desfrute material e busca se liberar por meio da imersão no aspecto impessoal do Supremo.

Nama‐aparadha, Namabhasa e Suddha‐nama
Muito afortunada, a alma espiritual obtém a associação dos devotos do Senhor. Em virtude da associação de tais devotos e devido às instruções recebidas do mestre espiritual e também à misericórdia do Senhor, ela se torna favorável ao serviço amoroso ao Senhor. Esta é a ocupação natural e eterna da jiva.
No momento atual, a boa fortuna das entidades vivas encontra‐se seriamente comprometida em razão de estar encoberta pelo seu envolvimento com os anteriormente mencionados anyabhilasita, karma e jnana. Elas seguem ocupadas em diversas buscas, como a busca por religiosidade (dharma), por desenvolvimento econômico (artha) e por gratificação sensorial (kama). Algumas vezes, enojada de seu envolvimento em abomináveis atividades pecaminosas, a jiva aceita o cantar do santo nome, mas, com as dez ofensas, ela ofende ainda mais o nome. Neste estágio, o seu cantar do nome não é o cantar puro (suddha‐nama), mas o cantar ofensivo (nama‐aparadha). 

Algumas vezes, atormentada por seu estado caótico, onde a paz encontra‐se muito longe de seu alcance, a alma espiritual tenta evitar a gratificação dos sentidos materiais. Ela aceita o cantar, mas é ignorante e desinteressada do cultivo de sambandha‐jnana, o conhecimento referente à sua eterna relação com o Senhor Supremo e a Suas potências multifárias. O cantar neste estágio não é puro, mas o praticante já deu início ao processo, e está cantando a “sombra do nome”, ou namabhasa. Seu cantar é apenas semelhante ao nome puro. Cantando em namabhasa, a pessoa se libera do conceito materialista de vida e se torna elegível para a prestação do serviço devocional ao Senhor Supremo. As almas elevadas, tendo livrado a si mesmas do infortúnio da existência material e da liberação impessoal, cantam o santo nome do Senhor puramente e, assim, obtêm amor puro por Krsna.

O Processo para a Liberação de Nama‐aparadha
Vendo o miserável destino das almas condicionadas, Sri Caitanya Mahaprabhu adveio e trouxe conSigo o processo transcendental do cantar dos santos nomes do Senhor. Instruindo as almas condicionadas acerca deste cantar, Ele notou o lamentável desinteresse delas. No entanto, apesar dessa condição calamitosa, a misericórdia do Senhor está sempre presente e a postos.

Há um método para se livrar das ferrenhas garras do cantar ofensivo. Considerando as ofensas tão perigosas como raios, a pessoa deve identificá‐las e deliberadamente evitá‐las enquanto canta continuamente o santo nome. Este cantar, de nome namabhasa, eleva o praticante à plataforma de mukti, ou liberação, livrando‐o do apego e da dependência da gratificação dos sentidos materiais. A partir de então, ele obtém a qualificação para cantar o santo nome com toda a pureza.

A obtenção de todas estas oportunidades providenciadas pelo Senhor Supremo indica o ilimitado e perene fluir de Sua compaixão. O simples cantar dos nomes primários de Deus evoca o único e verdadeiro benefício para toda a humanidade.

Niyamitah smarane na kalah
No que concerne à satisfação dos desejos oriundos da insignificante gratificação dos sentidos materiais, há rígidas considerações quanto a tempo, lugar, pessoa, qualificação, etc. O Senhor, no entanto, devido à Sua misericórdia para com as jivas, não estabeleceu nada parecido em relação ao cantar dos santos nomes; em outras palavras, pode‐se cantar o santo nome do Senhor em qualquer momento ou condição.

No Caitanya‐Bhagavata [Madhya 28.28], encontramos a seguinte declaração de Sri Caitanya Mahaprabhu:

ki sayane, ki bhojane, kiva jagarane
ahirnasa cinta krsna, balaha vadane

“Sempre se lembrem de cantar o santo nome – quer dormindo, comendo ou caminhando”.

Em Madhya 23.78, também encontramos:

sarvaksana balaithe vidhi nahi ara

“Não há regras rígidas e severas para cantar, portanto cantem sempre”.

Essa mesma instrução é repetida no Caitanya‐Caritamrta [Antya 20.18]:

khaite suite yatha tatha laya
kala, desa niyama nahi, sarva sidhi haya

“Independente de tempo ou lugar, alguém que canta o santo nome, mesmo enquanto come ou dorme, obtém toda a perfeição”.



Extraído do Livro 
Sri  Sri Siksastaka
‐ Sociedade Internacional para a Consciência de Krsna ‐
Composição
Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Comentários
Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura
Tradução
Bhagavan dasa (DvS)

Nenhum comentário:

Postar um comentário