segunda-feira, 15 de abril de 2013

3º VERSO DOS 8 SLOKAS DE SRI CHAITANYA MAHAPRABHU



Verso 3 

trnad api sunicena
taror api sahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada hari

Deve se cantar o santo nome do Senhor em um estado de espírito humilde, julgando‐se inferior à palha na rua; deve‐se ser mais tolerante do que uma árvore, desprovido de todo sentido de falso prestígio, e deve‐se estar pronto para oferecer todo respeito aos outros. Em tal estado de espírito, pode-se cantar o santo nome do Senhor constantemente.

A entidade viva é, por constituição, serva eterna do Senhor Krsna. Seu dharma eterno, portanto, é cantar os santos nomes do Senhor Supremo, quer enquanto em trânsito pelo mundo material quer residindo no mundo espiritual. O cantar do santo nome é tanto o meio para a obtenção (upaya) como o objeto a ser obtido (upeya). Não há nada melhor para o benefício e sucesso da humanidade além do cantar do santo nome, o qual invoca toda sorte de auspiciosidade tanto para quem o canta quanto para os demais. Sri Caitanya Mahaprabhu, em virtude de Sua compaixão para com as entidades vivas, compôs este verso a fim de descrever às jivas como elas podem cantar o santo nome evitando as plataformas de nama‐aparadha e namabhasa.

Aquele cujo coração não é inclinado ao serviço a Krsna, mas antes ao intoxicante desfrute material, é completamente incapaz de perceber seu verdadeiro tamanho infinitesimal. Por natureza, alguém que se empenha em ser o desfrutador não pode compreender verdadeiramente a realidade de sua insignificância; e tampouco pode ser tolerante. 

O desfrutador dos sentidos materiais é completamente incapaz de renunciar seu falso ego e seu falso prestígio, e não possui qualquer inclinação a demonstrar respeito por outros materialistas similares, senão que eles sempre se invejam mutuamente. Por outro lado, o Vaisnava que se extasia com o nome do Senhor é mais humilde até mesmo do que uma folha de grama, e mais tolerante do que uma árvore; enquanto mantém uma postura indiferente – ou até mesmo avessa – ao prestígio voltado a ele, está sempre ansioso por mostrar respeito a outros. 

Neste mundo material, ninguém além de tal alma elevada é digno e capaz de cantar o santo nome constantemente.

Quando essas almas imaculadas glorificam e adoram o guru e outros Vaisnavas, elas o fazem inspiradas por sua propensão inata de exaltar outros (manada). E quando afetuosamente aconselham discípulos e sadhakas a cantarem, elas o fazem os encorajando com palavras de apreciação, o que expressa sua inata qualidade de amanina – ausência de desejo por respeito ou louvor em troca.

O devoto puro compreende que essas palavras glorificativas e apreciadoras não se tratam de alguma espécie de bajulação barata, senão que reconhece suas qualidades espirituais; quando algum tolo, entretanto, equivocadamente as considera como mundanas, o devoto tolera seus comentários insultuosos e assim transparece sua qualidade da clemência. Essa é a sua natureza. 

O Vaisnava perfeito, aquele que canta sem ofensas, considera a si mesmo inferior à palha na rua, a qual é por todos pisoteada. Um verdadeiro santo jamais se considera um Vaisnava ou clama ser guru. Ele se considera discípulo do mundo inteiro, bem como a alma mais caída e insignificante de todas. Reconhecendo todo átomo e entidade viva infinitesimal como residência do Senhor Krsna, ele jamais considera algo ou alguém como inferior a ele. 

O devoto absorto no cantar do santo nome jamais deseja algo deste mundo, tampouco requer algo a alguém. E se alguém demonstra malícia contra ele ou o violenta, tal devoto nem retalha nem adota uma postura vingativa; ao contrário, ele ora pelo bem‐estar de seu atormentador.

O Devoto Puro é Fiel ao Seu Guru
O devoto que canta o santo nome adornado com as qualidades acima mencionadas jamais rejeita o processo devocional recebido de seu guru com o intento de adotar métodos novos e divergentes. Ele jamais inventa versos para cantar no lugar do maha‐mantra, senão que permanece sempre sob a guia do guru, prega as glórias do santo nome, escreve livros baseados no serviço devocional e se ocupa em bhajana e kirtana do nome de Hari – tudo em rigorosa adesão às instruções do guru. 

Ocupando‐se nestas atividades, não há transgressão da humildade Vaisnava, pois o devoto sempre se considera baixo e caído. Ele jamais tenta enganar outros por meio de uma falsa exibição de humildade visando obter riquezas ou adoração barata – tal categoria de humildade não é de valia alguma. 

O maha‐bhagavata, em companhia do constante cantar, não vê este mundo material como algo a ser explorado para o seu ganho pessoal, mas o vê como uma parafernália multiforme propícia para o serviço a Krsna e a Seus devotos. Em outras palavras, ele vê tudo neste mundo como relacionado a Krsna. Muito embora se torne perito no cantar do maha‐mantra, ele nunca cogita abandonar tal prática obtida de seu guru, tampouco tem ele interesse em propagar novas teorias e opiniões.

O maha‐bhagavata entende que se considerar o guru de um Vaisnava é contrário ao princípio da humildade. A grande verdade é que aqueles que não atentam seriamente às instruções do Senhor Caitanya neste Siksastaka, esquecidos de sua identidade espiritual, estão buscando avidamente por prestígio e ganho material a fim de satisfazerem seus sentidos. 

Aquele que está ávido pela obtenção do prestígio da posição social de Vaisnava ou guru jamais pode cantar o santo nome, pois se trata de um ofensor. E mesmo se um discípulo sincero e fiel ouve o santo nome de tal ofensor – apesar de sua sinceridade e fidelidade – ele não é digno do ouvir e cantar do santo nome puro.



Extraído do Livro 
Sri  Sri Siksastaka
‐ Sociedade Internacional para a Consciência de Krsna ‐
Composição
Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Comentários
Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura
Tradução
Bhagavan dasa (DvS)

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