sexta-feira, 12 de abril de 2013

Salvação Através da Renúncia



O Bhagavad-Gita 
Capítulo dezoito

Salvação Através da Renúncia

Arjuna disse: eu desejo conhecer a natureza da renúncia, e do sacrifício, e a diferença entre os dois, Ó Senhor Krishna (18.01)

Definição de Renúncia e de Sacrifício
  • O Senhor Krishna disse: os sábios definem a renúncia como abstenção de todo trabalho para proveito próprio. O sábio define o sacrifício como sendo livre do apego egoísta para os frutos de todo o trabalho (Veja, também, 5.01, 5.05, e 6.01) (18.02).
  • Nós estamos usando a palavra "renunciação" para Samnyasa, e "sacrifício" para Tyaga, nesta tradução. Um renunciante (Samnyasi), não é proprietário de nada. Um verdadeiro renunciante trabalha para os outros e vive para - e não dos - outros. 
  • Samnyasa significa "completa renúncia" de "fazedor", "possuidor", e motivos pessoais egoístas por detrás de uma ação; enquanto que Tyaga significa renúncia do apego egoísta aos frutos de todo o trabalho, ou trabalho feito apenas para Deus. 
  • Uma pessoa que faz serviço sacrificial (Seva), para Deus, é chamada de Tyagi ou um karma Yogi. Assim, um Tyagi que pensa que ele ou ela é o fazedor de todos os trabalhos apenas para o prazer de Deus irá sempre lembrar-se d´Ele. 
  • Portanto, isto é mencionado no verso 12.12 que Tyaga é a melhor prática espiritual. A palavra "Samnyasa"e "Tyaga", são usadas de forma intercalada no Gita porque não há, propriamente, uma diferença real entre as duas (veja os versos 5.04, 5.050, 6.01, e 6.02).
  • De acordo com o Gita, Samnyasa não significa viver na floresta ou em qualquer outro lugar recluso, fora da sociedade. Samnyasa é um estado da mente que é completamente desapegado da consciência de resultado dos frutos do trabalho.
  • Todos desejam a paz da mente, mas ela só é possível para aquele que trabalha para Deus, sem ser apegado aos resultados das suas ações - e dedica os resultados de todo o seu trabalho para Deus. Não é necessário que, semelhante ao que alguns "gurus" têm propagado, que alguém ofereça toda a riqueza material, e suas posses, para alguma seita.
  • Alguns filósofos dizem que todo o trabalho é cheio de falhas e devem ser abandonados, enquanto outros dizem que os atos do sacrifício, caridade, e austeridade não devem ser abandonados (18.03).
  • Ó Arjuna, escute Minha conclusão sobre o sacrifício. O Sacrifício é dito que é de três tipos (18.04).
  • Atos proveitosos, caridade, e austeridade não devem ser abandonados, mas devem ser realizados porque serviço, caridade e austeridade são os purificadores do sábio (18.05).
  • Mesmo aqueles trabalhos obrigatórios devem ser realizados sem apego aos frutos dos resultados. Este é Meu conselho definitivo, Ó Arjuna (18.06).

Três Tipos de Sacrifício

Abandone toda a obrigação que não é própria. O abandono do trabalho obrigatório é devido à ilusão, e é declarado como estando no modo da ignorância (18.07).

Aqueles que abandonam as obrigações, meramente porque é difícil ou por causa do medo de uma aflição corpórea, não recebem os benefícios dos sacrifícios, por realizarem sacrifícios semelhante ao modo da paixão (18.08).

O trabalho obrigatório realizado como uma obrigação, renunciando o apego egoísta pelos frutos, é considerado como um sacrifício no modo da bondade (18.09).

A renúncia ao apego dos prazeres sexuais é um sacrifício real (Tyaga). A perfeição do Tyaga vem somente após uma pessoa tornar-se livre do domínio dos apegos e aversões (MB 12.162.17). 

Não há melhor olho que o olho do autoconhecimento, nem austeridade melhor do que a verdade, nem dor maior do que o apego, e não há prazer maior igual ao Tyaga (MB 12.175.35). 
  • Uma pessoa não pode tornar-se feliz sem Tyaga; 
  • uma pessoa não pode tornar-se corajosa sem Tyaga; 
  • e uma pessoa não pode alcançar a Deus sem Tyaga (MB 12.176.22). 

Mesmo a felicidade do transe não poderá divertir mais do que o propósito do divertimento. 
O Gita recomenda a renuncia enquanto vivendo no mundo - não renunciar ao mundo como comumente é mal interpretado.

Cristo disse: se você quer a perfeição, largue tudo o que você tem, e então siga-Me (Mateus, 19.21). Ninguém pode servir a dois mestres. Você não pode servir tanto a Deus como o dinheiro - os desejos materiais (Mateus, 6.24). Cristo não excitou em sacrificar a da Sua própria vida por nobres ensinamentos.

O Senhor Rama largou o Seu reino, e mesmo a Sua própria esposa, para restabelecer a retidão (Dharma). "Abandone os apegos e alcance a perfeição pela renúncia", e a mensagem dos Vedas e dos Upanishads. 

O serviço desapegado ou "Tyaga", é a essência do Gita, como é dada neste último capítulo. Uma pessoa que é um Tyagi não pode cometer pecados e está liberado do ciclo de transmigração. Pode-se cruzar o oceano da transmigração e alcançar a praia da salvação mesmo nesta vida, como bote do Tyaga.

Os nove tipos de renúncia conduzem à salvação, baseados nos ensinamentos do Gita que são: 
(1) renúncia das ações proibidas pelas escrituras (16.23-24); 
(2) renúncia da luxúria, ira, orgulho, medo, gosto e desgosto, e inveja ou ciúme (3.34; 16.21); 
(3) afastar-se do retardamento na busca da verdade (12.09); 
(4) abandonar o sentimento orgulhoso do conhecimento e poder que se possua, com desapego, devoção e atos caridosos (15.05; 16.01-04); 
(5) rejeição de motivos egoístas e apego aos frutos de todos os trabalhos (2.51, 3.09, 4.20, 6.10); 
(6) renúncia dos sentimentos de que "eu sou quem faz", em todas as tarefas (12.13; 18.53); 
(7) abandonar os pensamentos de usar o Senhor para a realizações egoístas e desejos materiais (2.43,7.16); 
(8) afastar-se dos apegos dos objetos materiais como uma casa, riqueza, posição e poder (12.19. 13.09); e (9) sacrificar a riqueza, o prestígios, e mesmo a vida por uma nobre causa e proteção do reto agir (Dharma) (2.32, 4.28).

Aquele que nunca odeia um trabalho desagradável, não é apegado ao trabalho agradável, é considerado um renunciante (Tyagi), estando embebido com o modo da bondade, inteligência, e livre de todas as dúvidas sobre o Ser Supremo (18.10).

Os seres humanos não podem se abster por completo do trabalho. Então, aquele que renuncia completamente ao apego egoísta aos frutos de todo o trabalho é considerado um renunciante (18.11).

Os três frutos do trabalho - o desejável, o indesejável, e o misto - acumulam-se após a morte de quem não é um renunciante (Tyagi), mas nunca para um Tyagi (18.12).

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