segunda-feira, 15 de abril de 2013

7º VERSO DOS 8 SLOKAS DE SRI CHAITANYA MAHAPRABHU




Verso 7

yugayitam nimesena
caksusa pravrsayitam
sunyayitam jagat sarvam
govinda‐virahena me


"Ó Govinda, sentindo saudades de Ti, para mim parece que um instante dura como um grande milênio ou mais. De meus olhos fluem lágrimas como  se fossem torrentes de chuva, e sinto que o mundo está vazio com Tua ausência.”.

Este é um excelente exemplo de vipralambha‐rasa, ou humor de separação. Para os jata‐rati‐bhaktas, é absolutamente essencial que busquem pela experiência de vipralambha‐rasa e não se importem com sambhoga, ou encontro com o Senhor. Este sétimo sloka foi falado com o propósito de apresentar esse ponto.

O sentimento de separação que é experimentado nos relacionamentos materiais é simplesmente repleto de aflição; o sentimento de separação no plano transcendental (aprakrta vipralambha‐rasa), contudo, resulta em imenso êxtase (paramananda), muito embora externamente pareça tratar‐se de um sofrimento muito intenso e penoso. Em relação à separação experienciada pelo Vaisnava, diz‐se o seguinte [no Caitanya Bhagavata, Madhya 9.240]:

yata dekha vaisnavera vyavahara duhkha
niscaya janiha sei parananda sukha

“Conquanto os sentimentos de separação experienciados por um Vaisnava aparentemente se assemelhem ao sofrimento ordinário, deve‐se entender que, para o Vaisnava, tais sentimentos não são nada além de bem‐aventurança transcendental”.

Vipralambha sempre fomenta sambhoga. De fato, há sambhoga em prema‐vaicitra, a variedade amorosa dentro de vipralambha‐rasa, mas somente externamente, pois, embora a pessoa esteja diretamente na presença do Senhor (sambhoga), ela sente intensa separação (vipralambha) devido ao medo de se separar do Senhor. Vipralambha é marcada pela incessante e intensa lembrança do Senhor Krsna e de Seus passatempos, não havendo nenhuma possibilidade de esquecimento do Senhor nem mesmo por um ínfimo instante. Este é o estágio culminante de todo o bhajana.

A licenciosa exibição de sambhoga‐rasa feita pelo grupo conhecido como gaura‐nagari, o qual não se constitui de seguidores sinceros do Senhor Krsna, é produto de hipocrisia; tal exibição só faz criar obstáculos no caminho à devoção pura. Os sambhogavadis, aqueles que aspiram por sambhoga, não buscam nada senão o auto‐engrandecimento e a autogratificação, sendo, por conseguinte, destituídos de devoção pura a Krsna.

Se os gaura‐nagaris entendessem o significado do sloka citado a seguir, eles não se deixariam ser aferroados pelo desfrute de seus sentidos; no caso específicos deles, sob o falso pretexto de apresentarem o Senhor Caitanya como um buscador de prazer, ou nagari. O verso [do Caitanya‐Caritamrta, Adi‐lila 4.165] é o seguinte:

atmendriya‐priti‐vancha‐tare bali kama
krsnendriya‐priti‐iccha dhare prema nama

“O desejo de gratificar os próprios sentidos é kama (luxúria), mas o desejo de satisfazer os sentidos do Senhor Krsna é prema (amor)”.

Abandonando todas as concepções equivocadas, a pessoa deve realizar bhajana sob a orientação dos Vaisnavas.

O significado esotérico dos passatempos do Senhor Caitanya é que, embora o Senhor Krsna tenha aceitado os sentimentos de um devoto, Ele está sempre situado no humor de vipralambha. A jiva é um devoto; para ela desfrutar completamente de sambhoga‐rasa e dar completa expressão a tal, ela tem que se refugiar em vipralambha, o humor de amor em separação. A fim de propagar e demonstrar essa verdade, o Senhor Krsna manifestou Sua forma eterna como o Senhor Caitanya (Gaura‐svarupa), que é a personificação de vipralambha‐rasa. 

Os devotos devem, portanto, rejeitar qualquer idéia relativa a empenhos focados em sambhoga‐rasa, visto que semelhantes empenhos jamais poderão ser bem‐sucedidos.


Extraído do Livro 
Sri  Sri Siksastaka
‐ Sociedade Internacional para a Consciência de Krsna ‐
Composição
Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Comentários
Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura
Tradução
Bhagavan dasa (DvS)

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