O Bhagavad-Gita
Capítulo dezoito
As Cinco Causas de
Qualquer Ação
Aprenda Comigo, Ó Arjuna, as cinco causas, como são
descritas na doutrina Sankhya, para a realização de todas as ações. Elas são: o
corpo físico, o assento do Karma; os modos da natureza materiais, o fazedor; os
onze órgãos da percepção e ação, os instrumentos; as várias forças vitais; e o
quinto, as deidades dirigentes dos onze órgãos (18.13-14).
Estas são as cinco causas de qualquer ação, seja correta ou
errada, alguém as realiza por pensamento, trabalho e obra (18.15).
Portanto, aquele que considera seu corpo ou o Espírito
(Atma, alma) como o único agente, não compreende, devido ao conhecimento
imperfeito (18.16).
Aquele que está livre da ideia de "fazedor" e cujo
intelecto não está poluído pelo desejo de colher o fruto - mesmo após ter
matado alguém - ninguém mata ou é atado pelo ato de matar (18.17)
Aqueles que estão livres da noção de fazedor, e livres do
querer e não querer de seus trabalhos, e desapegados dos frutos do trabalho,
tornam-se livres das reações Kármicas, mesmo no ato de matar.
Nota do tradutor: devemos entender que Krishna está instruindo
Arjuna antes de uma importante batalha, e que o arqueiro está numa atitude
negligente em empreender a sua missão como tal. Este verso não deve ser
entendido como uma licença para matar qualquer um sem motivo, até mesmo porque
há um pesado karma sobre quem mata uma outra pessoa sem que tenha verdadeira
razão e tenha sido autorizada a tal procedimento; mesmo porque, uma atividade
livre de algum resultado é muito difícil de ser alcançada nos dias de hoje,
pois trata-se de uma verdadeira Sadhana de constantes aperfeiçoamentos.
O sujeito, o objeto, e o conhecimento do objeto, são os
tríplices condutores da força para uma ação. Os onze órgãos, o ato, e o agente
ou os modos da natureza material, são os três componente da ação (18.18).
Os Três Tipos de
Conhecimento
O autoconhecimento, a ação, e o agente diz-se que são de
três tipos, de acordo com a doutrina Sankhya. Ouça a tempo sobre estes também
(18.19).
O conhecimento pelo qual alguém vê como uma mesma coisa
imutável, a indivisível divindade em todas as criaturas, está no modo da
bondade (veja, também, 11.13 e 13.16) (18.20).
O conhecimento pelo qual alguém entende cada indivíduo como
diferente um do outro, semelhante conhecimento está no modo da paixão (18.21).
O irracional, sem base, o conhecimento sem valor, pelo qual
alguém se apega a um único efeito - como ao corpo - como se isso fosse tudo,
semelhante conhecimento está no modo da escuridão ou ignorância (18.22).
Três Tipos de Ação
A atividade obrigatória, realizada, quer se goste ou não,
sem motivos egoístas, e apego aos frutos, está no modo da bondade (18.23).
A ação realizada com egoísmo, com desejos egoístas, e também
com muito esforço, está no modo da paixão (18.24).
A ação que é tomada por causa da ilusão, indiferente às consequências,
perda, que cause dano aos outros, bem como a sua própria habilidade, está no
modo da ignorância (18.25).
Três Tipos de Agentes
O agente que está livre do apego, que não é egoísta, doado,
com determinação e entusiasmo, e que não se perturba no sucesso ou no fracasso
é chamado de bom (18.26).
O agente que é impaciente, que deseja o fruto do trabalho,
que é voraz, violento, impuro, e atingido pelo prazer e pela aflição, é chamado
de apaixonado (18.27).
O agente que é indisciplinado, vulgar, teimoso, malvado,
malicioso, preguiçoso, deprimido, e procrastinador é chamado de ignorante
(18.28).
Três Tipos de
Intelecto
Agora ouça a Minha explicação, plena e separadamente, da
tríplice divisão do intelecto, e decida, baseado nos modos da natureza
material, Ó Arjuna (18.29).
Ó Arjuna, aquele intelecto o qual entende o caminho da ação,
e o caminho da renúncia; da ação certa e errada, medo e destemor, cativeiro ou
liberação, está no modo da bondade (18.30).
O intelecto está ano modo da paixão quando não pode
distinguir entre o reto agir (Dharma) e a ação contrária ao dever (Adharma), e
a ação certa e errada, Ó Arjuna (18.31).
O intelecto está no modo da ignorância quando aceita a
injustiça (Adharma) como sendo justiça (Dharma), e pensa tudo o que não é como
sendo, Ó Arjuna (18.32).
Os Três Tipos de
Resolução, e as Quatro Metas da Vida Humana
Quem decide estar no modo da bondade controla as funções da
mente, Prana (força vital; bioimpulsos), e os sentidos, fazendo apenas boas
ações, Ó Arjuna (18.33).
Quem decide pelo modo da paixão, pelo qual alguém deseja os
frutos do trabalho, une-se à obrigação, à riqueza, e ao prazer com grande
apego, Ó Arjuna (18.34).
Fazendo as obrigações, ganhar riqueza, desfrute material, e
alcançar a salvação, são as quatro nobres metas da vida humana para um chefe de
família na tradição védica (obs. do tradutor: trata-se de dharma, artha, kama e
moksha).
O Senhor Rama disse: aquele que está engajado apenas da gratificação
dos sentidos, abandonando a responsabilidade, e adquirindo riqueza, em breve
complica-se (VR 2.53.13).
Aquele que usa as obrigações, adquirindo riquezas, e
desfruta dos prazeres sexuais de modo balanceado, sem que uma coisa não
danifica as outras duas, alcança a salvação (MB 9.60.22).
Uma pessoa
completamente envolvida em adquirir e preservar a riqueza material e posses,
não tem tempo para a auto-realização (MB 12.07.41).
Alguém pode obter todas as
quatro nobre metas pela devoção por Deus (VP 1.18.24).
Devemos primeiro seguir
o Dharma, fazendo as obrigações corretamente. Então se ganha dinheiro e se faz
progresso econômico, realizando todos os nobres desejos materiais e
espirituais, com o dinheiro que foi ganho, dirigindo o progresso para a
salvação, a única nobre meta do nascimento humano.
Os seres humanos estão sempre receando a morte, uma pessoa rica
está sempre receosa do coletor de impostos, ladrão, parentes, e desastres
naturais (MB 3.02.39).
Há uma grande dor na acumulação, guarda, e perda de
riqueza. Os desejos por acumular riqueza nunca é satisfeito; portanto, o sábio
considera satisfeito com o prazer Supremo (MB 3.02.46).
As pessoas nunca estão
satisfeitas com a riqueza e as posses materiais (KaU 1.27).
Devemos sempre nos
lembrar que nós somos apenas os consignatários de todas as riquezas e posses.
Quem decide pelo modo da ignorância, pelo qual uma pessoa
estúpida não abre mão de dormir, dorme (em demasia), tem medo, pesar,
desespero, e desatenção Ó Arjuna (18.35).
Três Tipos de
Prazeres
E agora ouça de Mim, Ó Arjuna, sobre os três tipos de
prazer. O prazer que alguém desfruta pela prática espiritual resulta na
cessação de todos os sofrimentos (18.36).
O prazer que aparece como veneno no começo, mas é como
néctar no fim, vem pela graça do Autoconhecimento, e está no modo da bondade
(18.37).
Aquele que desfruta do oceano de néctar da devoção, não faz
uso do prazer sexual que é como água num reservatório (BP 6.12.22).
O rio do
gozo material seca rapidamente após a estação das chuvas se não há a o
princípio da água espiritual. Os objetos materiais são como palha para uma
pessoa auto-realizada.
O prazer sexual que aparece como néctar no começo, mas se
torna como veneno no fim, está no modo da paixão (veja, também, 5.22) (18.38).
Dois caminhos - o benéfico caminho espiritual e o caminho
dos prazeres sexuais - estão abertos para nós. O sábio escolhe o primeiro,
enquanto o ignorante escolhe o último (KaU 2.020).
Os prazeres sexuais colocam
fora o vigor dos sentidos e trazem doenças no final (Ka U 1.26). Os prazeres
sexuais não é o objetivo do precioso nascimento humano. Mesmo o desfrute
celestial é temporário e termina em sofrimento.
Aquele que está apegado aos
deleites sexuais se comporta como um tolo que escolhe o veneno em troca do
néctar da devoção (TR 7.43.01). As pessoas ignorantes, devido à ilusão, não
pensam que elas estão tomando veneno enquanto o bebem. Elas apenas saber após o
resultado, e então é tarde demais (VR. 7.15.19).
É uma tendência natural dos
sentidos se direcionarem, com facilidade, para os prazeres sexuais externos,
como a água flui corrente abaixo. O arrependimento segue a satisfação de todos
os desejos sexuais e materiais.
Os prazeres mundanos são como uma miragem no deserto. Uma
pessoa com sede pensa que é água o que vê, até que ela volta a si e não
encontra nada. A "felicidade" mundana é temporária e inconstante,
enquanto que a felicidade produzida pela vida espiritual é permanente e
contínua. Ramakrishna disse: "Não se sente intensa inquietação por Deus
até que todos os desejos mundanos sejam satisfeitos".
Manu é da opinião
que, deste modo, talvez seja mais fácil controlar os sentidos, após desfrutar
dos prazeres dos sentidos, e descobrir sua inutilidade e capacidade de causar
danos (MS 2.96).
A perda dos desejos torna-se fácil após a maioria dos nossos
desejos estarem satisfeitos. Uma pessoa pode ser saudável e rica mas ainda será
triste, se não experimentar o prazer espiritual. A maturidade espiritual da
pessoa não a fará ter saudade dos prazeres mundanos.
O prazer que confunde uma pessoa no começo e que no fim
resulta em sono, preguiça, e desatenção está no modo da ignorância (18.39).
Não há nenhum ser sobre a Terra ou entre os controladores
celestes no céu que possa ficar livre destes três modos da natureza material
(18.40).
A Divisão do Trabalho
Está Baseada no Habilidade da Pessoa
A divisão do trabalho humano, dentro de quarto categorias,
está baseada nas qualidades inerentes da natureza das pessoas ou constituição
delas (veja, também, 4.13) (18.41).
No sistema Védico antigo, as atividades dos seres humanos
eram segundo quatro categorias sociais, baseadas nos três modos da natureza
material. Estas quatro ordens são frequentemente confundidas com o moderno
sistema de castas na Índia, e em outro lugar que esteja baseando-se somente no
nascimento. Estas quatro, universais, ordens sociais da sociedade humana, são
descritas pelo Senhor Krishna, relacionando a natureza pessoal de cada um,
qualidades, trabalho, e não o seu nascimento.
Aqueles que estão dominados pelo
modo da bondade e são pacíficos, e auto-controlados, são chamados de Braahmans.
Aqueles que são controlados pela paixão e preferem engajar-se na administração
e serviços de proteção são classificados como Kshatriyas.
Aqueles sobre os
modos mistos de paixão e de ignorância, engajam-se na agricultura e no
comércio, sendo chamados de Vaishyas.
Aquela maioria no modo inferior da
ignorância são chamadas de Shudras, e suas naturezas são de servir as outras
três ordens sociais.
Os Vedas comparam a sociedade humano com uma pessoa que
possui quatro principais membros que representam amplamente os quatro trabalhos
e trabalhadores na sociedade. Os Vedas também estatuem que Suas palavras são
para toda a humanidade, para todas as pessoas (YV 26.02). há somente dois tipos
(ou castas) de pessoas, o decente e o indecente (Gita 16.06).
Os intelectuais que possuem serenidade, autocontrole, austeridade,
pureza, paciência, honestidade, conhecimento transcendental, experiência
transcendental, e acreditam em Deus, são classificados como instruídos
(Braahmans) (18.42).
Um intelectual é aquele que foi mencionado acima (CF. o Mb,
3.180.21). Qualquer um pode ser chamado de "intelectual" se ele ou
ela possuem o divino presente do autoconhecimento (RV 10.125.05; AV 4.30.03). O
intelectualismo é uma aquisição - uma qualidade ou estado da mente - assim como
uma casta ou credo. Alguém iluminado quando conhece a Verdade Absoluta, e está
em contato com o Ser Supremo, sendo um Braahmans realmente, e ficando próximo
de Deus. Todos nascem iguais, mas podem se tornar inferior ou superior apenas
pelas ações.
Não importa o setor de alguma sociedade dando predominância
de casta, crença, raça, religião, cor, sexo, ou local de nascimento, sobre a
habilidade individual, as sementes plantadas na sociedade, e por ineficiência,
foram plantada no princípio para germinar. O demônio da discriminação não
conhece fronteiras nacionais. Ele é praticado desafortunadamente por pessoas
ignorantes por sobre todo o mundo, numa forma ou outra. Ele é uma tentação
humana e um complexo de superioridade.
O sábio deverá testar-se se submetendo a
todos os tipos de sombras de preconceitos. Todos somos filhos de Deus, iguais
nos Seus olhos, e devemos agir de modo semelhante. Uma pessoa, para o progresso
da sociedade, deve ser julgada por sua habilidade, não por algum outro modelo.
Aqueles que possuem as qualidade de heroísmo, vigor,
firmeza, habilidade, estabilidade na batalha, caridade, e dons administrativos
são chamados de líderes, ou protetores (Kshatriyas) (18.43).
O protetor ideal possui firme, oposição rígida, para todos
os malvados na sociedade. A obrigação (Dharma) de um protetor é de lutar contra
toda a ação incorreta (Dadharma) e injustiça na sociedade.
Aqueles que são bons no cultivo, no cuidado com o gado,
negócios, comércio, finanças, e indústria são conhecidos como homens de
negócios (Vaishyas). Aqueles que são muito bons nos serviços e atividade são
classificados como trabalhadores (Shudras) (18.44).
Um Shudra é uma pessoa que é ignorante no conhecimento
espiritual e está identificada com o corpo material, devido a sua ignorância.
De acordo como Senhor Krishna, estas quatro designações ou tipos não
determinadas por nascimento. Uma pessoa tipo Shudra pode nascer em qualquer
família. O resultado de uma atividade prévia de alguém, ou Karma, faz retornar a
natureza e hábitos de alguém.
As pessoas também nascem com certas qualidade ou as desenvolvem
através do treinamento e esforço. Aquele que não tem as qualidades requisitadas
das quatro ordens da sociedade, não podem ser caracterizadas, impropriamente,
somente pela virtude do nascimento ou posição.
A Obtenção da
Salvação Através da Obrigação, Disciplina e Devoção
Alcança-se a mais elevada perfeição pela devolução pelo
natural trabalho de alguém. Escute-Me como alguém alcança a perfeição enquanto
engajado no seu trabalho natural (18.45).
Alcança-se a perfeição pela adoração ao Ser Supremo - de
quem todos os seres se originam, e o qual a todo este universo penetra -
através da execução da natural obrigação de cada um dedicando-a Mim (veja,
também, 9.27; 12.10) (18.46).
O trabalho relativo à natureza da pessoa, ainda que
inferior, é melhor do que o trabalho não natural à pessoa, mesmo que bem
realizado. Aquele que faz um trabalho ordenado pela sua natureza inerente, sem
qualquer motivo egoísta, incorre em pecado (ou reação kármica) (veja, também,
3.35) (18.47).
O trabalho natural de alguém, embora defeituoso, não deverá
ser abandonado porque todas as obrigações são desenvolvidas pelos defeitos
assim como o fogo é coberto pela fumaça, ó Arjuna (18.48).
Nada neste mundo possui apenas qualidade boas ou más. Não há
tarefa perfeita. Toda a iniciativa possui tanto bons como maus aspectos (MB
12.15.50). Não importa o que você faz, mas como você o faz, isto que é
importante. O trabalho transforma-se em adoração quando ele é feito numa
atitude de adoração por Deus.
A pessoa cuja a mente está sempre livre do ao apego egoísta,
que subjugou a mente e os sentidos, e que é livre dos desejos, alcança a
suprema perfeição da liberdade do cativeiro do karma, através da renúncia do
apego egoísta aos frutos do trabalho (18.49).
Aprenda de Mim brevemente, Ó Arjuna, como alguém que
alcançou semelhante perfeição, ou a liberdade do cativeiro do Karma, alcançando
o Ser Supremo, a meta do conhecimento transcendental (18.50).
Favorecido com o intelecto purificado; subjugando a mente
com firme resolução; afastando-se dos ruídos e de outras coisas dos sentidos;
abrindo mão do gostar e não gostar; vivendo na solidão; comendo ligeiramente;
controlando a mente, a fala e os órgãos de ação; estar sempre absorto em Yoga
da meditação; refugiando-se no desapego, e abrindo mão do egoísmo, da
violência, do orgulho, da ira, e do sentimento de propriedade - torna uma
pessoa pacífica, livre da noção de "Eu, meu, e para mim", e adequa-a
para alcançar a união com o Ser Supremo (18.51-53).
Quando o archote da meditação funde-se no serviço abnegado,
no autoconhecimento e no amor devocional durante o rápido estado de transe, os
raios da iluminação irradiam, a divina comunhão é perfeita, o nevoeiro da
ignorância desaparece, e todos os desejos materiais e sexuais se evaporam da
mente.
Absorvido no Ser Supremo, a pessoa serena não sofre e nem
deseja. Tornando-se imparcial para todos os seres, a pessoa obtém o mais
elevado amor por Deus (18.54).
Pela devoção uma pessoa entende, verdadeiramente, o que, e
quem, Eu sou em essência. Tendo Me conhecido em essência, imediatamente, a
pessoa liga-se a Mim (veja, também, 5.19) (18.55).
Não há dúvida de que Deus pode apenas ser conhecido pelo
pensamento de fé e inabalável devoção (BP 11;14;21).
Existe inúmeras práticas
espirituais - não apenas uma - prescritas nas escrituras para adquirir fé
devoção firme. O conhecimento e a devoção são uma e mesma coisa, como uma
árvore e suas sementes. O processo inteiro de espiritualidade ganha partida
pela fagulha da graça que vem apenas com a fé, e não por outro método.
A ilusão de Maya impede a pessoa do conhecimento e visão de
Deus. Assim como alguém não pode ver o sal todo-existente na água do oceano com
os olhos, mas pode sentir o sabor pela língua, de modo similar, o Ser pode
apenas ser realizado pela fé e devoção, não pelo raciocínio lógico. Deus pode
ser realiza não apenas pela meditação e auto-conhecimento, mas também através
do extático amor e intensa devoção de alguém pela deidade pessoal.
Somente Você pode conhecer a Você mesmo quando tornar-se
conhecido de si mesmo; no momento que alguém conhece a Você, ele se torna uno
Com você (TR 1.126.02). O conhecedor do Espírito torna-se como Espírito (BrU
1.04.10; MuU 3.020.09). O reino de Deus está dentro de você (Lucas, 17.21).
Ninguém pode entrar no reino dos céus sem nascer de novo (pela realização de
que não somos estes corpos, mas espíritos dentro de um corpo) (João, 3.03).
Quem não receber o reino de Deus como uma criança, jamais entrará nele (marcos,
10.15). O Pai e Eu somos um )João, 10.30). O verdadeiro entendimento de Deus é
tornar-se como Deus.
Um devoto Karmi Yogi alcança a eterna e imutável morada por
Minha graça - mesmo enquanto realiza a sua obrigações - apenas por tomar
refúgio em Mim (por dedicar todas as ações para Mim com amor e devoção)
(18.56).
Ofereça sinceramente todas as ações para Mim, coloca-Me como
a sua meta suprema, e dependa completamente de Mim. Fixe a sua mente em Mim, e
se refugie em Karma Yoga (18.57).
Tudo antes de ser usado ou comido deve primeiro ser
oferecido para o Senhor, quem dá todas as coisas, antes de colocarmos as coisas
para nosso uso próprio. Isto inclui - mas não é limitado para - alimentos, uma
nova roupa, um novo carro, uma nova casa, e um bebê recém nascido.
Oferecer
tudo para o Senhor é a mais alta forma de adoração que alguém deve aprender e
praticar todo o dia. De acordo com Swami Chidananda Saraswati (Munijii) este
verso tem a intenção de ter o Seu nome (nome de Deus) no seu coração e nos seus
lábios, e para ter Seu trabalho em suas mãos.
O karma Yoga salva alguém de ser confundir-se no ciclo da
roda de transmigração e conduz a liberação. O KarmaYoga é recomendado mesmo
para aquele que não acredita em Deus, para quem não tem conhecimento de Deus,
para quem não possui fé e devoção e, conseqüentemente, não pode seguir qualquer
outro caminho espiritual.
Você superará todas as dificuldades por Minha graça, quando
a sua mente tornar-se fixa em Mim. Mas se você não escutar isto de Mim, devido
ao ego, você perecerá (18.58).
O Cativeiro Kármico e
o Livre Arbítrio
Se devido ao egoísmo você pensa: "eu não irei
lutar"!, você resolverá em vão, porque a sua própria natureza deve
compelir você para a luta (18.59).
Ó Arjuna, você é controlado por sua própria natureza,
nascida nas impressões Kármicas. Portanto, tem de fazer - mesmo contra o seu
querer - o que você não deseja fazer, devido a ilusão (18.60).
A mente, frequentemente, conhece o que é certo e errado, mas
corre atrás do mal -relutantemente - pela forçadas impressões Kármicas. O sábio
deverá sempre manter isto em sua mente antes de encontrar faltas nos outros.
Nós Nos Tornamos os
Fantoches de Nosso Próprio Livre-Arbítrio
Para satisfazer o livre arbítrio o ignorante, estupefato
pelos três modos da natureza material, o bom Senhor cria um ambiente condizente
para ocupar em ações indesejadas. Nosso livre arbítrio nos limita como uma guia
limita um cão. Como um facilitador, Deus corresponde com todos de acordo com
seus desejos e deixa-os realizar os desejos criados pelo livre arbítrio.
O
Senhor usa Sua energia cinética ilusória, chamada de Maya, para engajar as
entidades vivas em bons e maus atos, de acordo com seus desejos e seu bom ou
mau Karma previamente acumulado
O Senhor Supremo - como o controlador habitante na psique
interior de todos os seres - motiva-os para trabalhar nos seus Karmas, como um
fantoche (do karma criado pelo livre arbítrio), montados numa máquina (18.61).
O controlador Supremo (Ishvara) é o reflexo do Espírito
Supremo no corpo. O Senhor Supremo organiza, controla, e direciona tudo no universo.
O Senhor faz as leis Kármicas enquanto controlador de todas
as entidades vivas. Então, necessitamos estudar com paciência prolongada tudo o
que o destino impõe pegando refúgio n´Ele, e seguindo Seus mandamentos (TR
2.218.02). Os Vedas declaram que o Senhor, usando o Karma, nos faz dançar como
um malabarista faria seu macaquinho dançar (TR 4.6.12).
Sem as leis do Karma,
as injunções escriturais, proibições, bem como o autoesforço não terão valor
como tais. O Karma é a justiça eterna e a lei eterna. Como um resultado do
trabalho da justiça eterna, ali não pode haver fuga das consequências de nossas
ações. Nós nos tornamos o produto de nosso próprio passado, pensamento e ação.
portanto, nós devemos pensar e agir com prudência no momento presente, usando
as escrituras como guia.
A doutrina do Karma e da reencarnação é também encontrada
nos seguintes versos do Corão: "Allah é Ele quem criou você, e portanto,
sustenta você; por isso causa a sua morte e dá a vida a você de novo (Surah
30.40). Ele pode recompensar aqueles que acreditam e fazem boas ações.
Ninguém
pode escapar das consequências dos seus atos; para o que semeamos nós colhemos.
A causa e o efeito não podem ser separados porque os efeitos existem na causa
como no fruto existente na semente. As boas e más ações nos seguem
continuamente como nossas sombras.
A Bíblia também diz: quem quer que derrame o sangue do homem
pelo homem derramará seu sangue (Gênesis, 9.06). Acredita-se que todas as
referências ao Karma e reencarnação foram retiradas da Bíblia durante o segundo
século, com o nobre propósito de encorajar as pessoas para se esforçarem
durante esta vida.
Aqueles que acreditam em reencarnação devem evitar a
preguiça e o adiamento, disciplina espiritual intensa, e tentar o pegar o
melhor da autorrealização nesta vida como se não houvesse reencarnação. Viver como
se este fosse o último dia na Terra. Não podemos alcançar qualquer coisa
através da preguiça e adiamento.
Não se pode levar a riqueza, a fama, e o poder daqui para o
futuro; mas pode-se transformar isto para dentro de um bom ou mau Karma, e
trazer no interior de uma vida futura. Mesmo a morte não pode tocar o Karma de
alguém. Aqueles que agem com muita piedade nas suas vidas passadas alcançam a
fama nesta vida sem muito esforço.
Procure refúgio no Senhor Supremo apenas, com amor e
devoção, ó Arjuna. Por Sua graça você terá paz suprema, e alcançará a Morada
Eterna (18.62).
Assim, eu expliquei para ti o mais secreto dos
conhecimentos. Após refletir plenamente sobre isto, fala o que você desejar (18.63).
O Caminho da Rendição
é o Fundamental Para Deus
Ouça novamente Minhas mais secretas e supremas palavras.
Você é muito querido para Mim; portanto, Eu direi isto para o seu benefício
(18.64).
Fixe a sua mente em Mim, seja devotado a Mim; ofereça o
serviço para Mim; reverencie a Mim, e você certamente irá alcançar-Me. Eu
prometo a você porque você é meu amigo muito querido (18.65).
Ponha de lado todas os feitos meritórios e rituais
religiosos, e simplesmente renda-se por completo a Mim, com fé firme, amor e
devoção. Eu irei libertar você de todos os pecados, as amarrados do Karma. Não
sofra (18.66).
O significado de abandonar todas as obrigações e tomar
refúgio no Senhor é de que um buscador deverá realizar todas as suas obrigações
sem apego egoísta, oferecendo tudo ao Senhor, e ser total e unicamente
dependente de Deus, por ajuda e guia. O Senhor assume a total responsabilidade
para a pessoa que depende totalmente d´Ele. Se você encontrar uma boa solução e
apegar-se a ele, a solução irá em breve tornar-se o próximo problema.
As
escrituras dizem: o sábio não deve apegar-se, mesmo às ações corretas, durante
toda a sua vida, mas deverá engajar a sua mente e o intelecto na contemplação
do Ser Supremo (MB 12.290.21). Deve-se desenvolver um espírito de genuína autorrendição
para o Senhor, oferecendo tudo a Ele, incluindo os frutos da disciplina
espiritual. Nós devemos conectar todo o nosso trabalho como Divino. O mundo é
controlado pelas leis ou desejos de Deus. Têm-se que aprender com o querer de
Deus. Sejamos agradecidos na prosperidade e aceitar a adversidade pro Ele
desejada.
A ordem é liberar-se nos resultados nas ações piedosas ou
impiedosas, que cegam alguém neste mundo material; sendo necessário oferecer
cada ação para Deus. Quando um devoto trabalha com sinceridade para Deus, Deus
protege o devoto do toque de Maya, a energia externa do Senhor. Se alguém,
voluntariamente, depende do Senhor Supremo, em todas as circunstâncias, então
os bons e maus resultados (dos pecados) do trabalho, automaticamente, irão até
Ele, e nos tornamos livres do pecado.
Um verdadeiro devoto observa: Ó Senhor, eu me lembro de Vós
porque Vens em primeiro lugar. Quebra-se todas as correntes do cativeiro e nos
tornamos livre mesmo nesta vida tão logo se adquire o saber e a firme convicção
que tudo é feito pelo desejo de Deus, e que este é o Seu mundo, Seu passatempo,
e Sua batalha, não nossa, e observando a nós mesmos como meros atores no jogo
divino, e o Senhor como o grande diretor do drama cósmico da alma, no estágio
da criação.
A rendição do desejo individual para o desejo divino, é a culminância
de toda a prática espiritual, resultando na prazerosa participação no drama das
alegrias e tristezas da vida. Isto é chamado de liberação, ou Mahayana no
Budismo. Não se pode entender Deus sem que se liberte da noção de fazedor ou
proprietário. A graça de Deus é despertada quando nos tornamos firmemente
convictos que não somos "fazedores", alcançando-se imediatamente a
liberdade nesta vida. O Senhor arranja para o conhecimento da autorrealização
revelado-o para uma alma rendida.
Render-se a Deus não envolve abandonar o mundo, mas realizar
que tudo acontece de acordo com Suas leis e por Sua direção e poder; reconhecer
plenamente que tudo é controlado e governado pelo plano divino é render-se a
Ele. Na rendição, deixa-se o plano divino regular a vida sem abandonar o melhor
esforço. Isto é a renúncia completa da existência individualista ou o ego.
Este
é o sentimento: Ó meu amado Senhor, nada é meu; tudo, incluindo meu corpo,
mente e ego, é Seu. Eu não sou Deus, mas um servo de Deus; salve-me do oceano da
reencarnação. Eu tentei sair do oceano do mundo material, usando todos os
métodos, ditos nas escrituras, e falhei. Agora eu descobri o processo final, o
processo de buscar a graça divina através da oração e da rendição.
Deus pode
ser descoberto pelo buscador com a Sua ajuda no descobrimento, e não apenas por
práticas espirituais. Assim, inicia-se a jornada espiritual como um dualista, experiência
o monismo, e novamente retorna-se ao dualismo. Uma jornada bem sucedida inicia
e termina no mesmo lugar.
O processo de rendição pode ser chamado de o quinto ou
último caminho do yoga - os outros quatro são o caminho do serviço abnegado, o
conhecimento metafísico, devoção e meditação. O Senhor Deus direciona a mente e
os sentidos das entidades vivas de acordo com o seu karma nascido dos desejos.
Mas no caso de rendição dos devotos, portanto, ele controla os sentidos
diretamente de acordo com os Seus desejos e para o melhor proveito do devoto.
Deixe-O ser o dirigente da sua jornada espiritual e você simplesmente aprecie a
caminhada. Muniji, maravilhosamente, explicou este processo. Ele disse:
"Cada dor, cada saudade, cada desconforto, torna-se um presente e graça
Seus quando você coloca isso no Seu abrigo. Se você coloca as rédeas de seu
carro-vida nas Suas mãos, você será sempre feliz, sempre estará em paz. Esta é
a lição da rendição final".
Este é a graça divina ou poder, que vem na forma de autoesforço.
A graça divina e o autoesforço, bem como o dualismo e o monismo, são nada mais
do que os dois lados de uma mesma moeda da Realidade. A graça de Deus está
sempre disponível - alguém tem de coletá-la.
Conseguir a graça não é fácil.
Consegue-se a graça pela sinceridade, disciplina e esforço espiritual. A graça
é a nata do esforço - nosso próprio Karma bom. Diz-se que o esforço é
absolutamente necessário, mas o último degrau da escada para o Supremo não é
autoesforço, mas a oração por Sua graça no espírito de rendição.
Quando tudo
está rendido a Ele, e se entende verdadeiramente que Ele é a meta, o caminho, a
viagem, bem como os obstáculos do caminho, vício e virtude, tornam-se
impotentes e inócuos, como uma cobra sem os caninos.
Segundo Shankara, se qualquer objeto outro exceto o Ser
Supremo - o Campo da Energia Cósmica - mostra-se como existência, ele é irreal
como uma miragem ou como a presença de uma cobra numa corda.
Quando alguém
entende com firmeza que não há nada exceto o Ser Supremo e Seu suporte, todo o
Karma é extinto; rendendo-nos aos Seus desejos, alcança-se a salvação.
Yukteshwar disse: "A Vida humana está assentada com sofrimento até que nós
descobrimos como nos render ou nos direcionar com o querer divino, que está
embaçado em nosso intelecto".
O Corão diz: "Quem quer que siga a
Minha guia, nenhum medo cairá por sobre ele; nem eles sofrerão" (Surah,
2.38). Os Upanishads dizem: O conhecedor do Supremo ultrapassa o sofrimento.
Este conhecimento jamais deverá ser falado para quem não é
devotado, que não tem austeridade, que é sem devoção, que não quer ouvir, ou
que fala mal de Mim (18.67).
Falar da sabedoria para uma pessoa iludida; glorificar em
sacrifício a uma personalidade mesquinha; aconselhar o controle dos sentidos
para uma pessoa irascível, e discursar sobre o Senhor Rama, explorando a
lascívia, é tão imprestável como semear em chão estéril (TR 5.57.01-02).
Não é
qualquer alma que acredita, salvo a permissão de Allah. Você não deverá
compelir alguém a acreditar (Surah 10.100-101). Qualquer um a quem Deus não
concedeu a luz (do conhecimento) não terá luz (Surah 24.40). O estudo do Gita é
um meio apenas para pessoas sinceras. De acordo como Ramakrishna, pode-se
entender Deus até que Ele faça-nos entender. O Guru Nanak disse: "Ó amado;
somente àqueles a quem dá o conhecimento divino, obtêm-no".
De acordo com a Bíblia: não dê o que é sagrado aos cães. Não
jogue pérolas aos porcos. Eles irão apenas pisoteá-los por sob os seus pés
(Mateus, 7;06). Ninguém chegará a Mim a menos que o Pai que Me enviou atrair
ele ou ela para Mim (João 6.44).
O recipiente do conhecimento necessita ter
inclinação espiritual e busca sincera. O conhecimento dado sem ser perguntado é
sem propósito, e deve ser evitado. Há um tempo para tudo sob o céu. Nós não
podemos mudar o mundo; nós podemos apenas mudar as vidas de umas poucas almas
sinceras cujo o tempo para uma mudança chegou por Sua graça.
O Mais Elevado
Serviço Para Deus, O Melhor , A Caridade
Aquele que propagar esta filosofia secreta - o
transcendental conhecimento do Gita - entre Meus devotos, realizará o mais
elevado serviço devocional para Mim, e certamente virá até a Mim, e não haverá
ninguém sobre a Terra que seja mais querido por Mim (18.68-69).
A ignorância é a mãe de todos os pecados. Todas a qualidades
negativas, como o luxúria, a ira, o orgulho, nada mais são do que manifestações
da ignorância. Dar o presente do conhecimento é a melhor caridade. É
equivalente a dar o mundo inteiro em caridade (MB 12.209.113).
O melhor
bem-estar é o ajudar os outros a descobrir a sua real natureza, que é a origem
da eterna felicidade, melhor do que prover de coisas materiais e confortos para
uma felicidade temporária. A Bíblia diz: Quem quer que obedeça a lei, e ensina
os outros o mesmo, será grande no reino dos céus (Mateus, 5.19). A felicidade
não é alcançada pela riqueza e gratificação dos sentidos, mas através da
fidelidade a uma causa digna (Helen Keller).
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