sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Bhagavad-Gita - Capítulo dezoito cont...





O Bhagavad-Gita 
Capítulo dezoito


As Cinco Causas de Qualquer Ação
Aprenda Comigo, Ó Arjuna, as cinco causas, como são descritas na doutrina Sankhya, para a realização de todas as ações. Elas são: o corpo físico, o assento do Karma; os modos da natureza materiais, o fazedor; os onze órgãos da percepção e ação, os instrumentos; as várias forças vitais; e o quinto, as deidades dirigentes dos onze órgãos (18.13-14).

Estas são as cinco causas de qualquer ação, seja correta ou errada, alguém as realiza por pensamento, trabalho e obra (18.15).

Portanto, aquele que considera seu corpo ou o Espírito (Atma, alma) como o único agente, não compreende, devido ao conhecimento imperfeito (18.16).

Aquele que está livre da ideia de "fazedor" e cujo intelecto não está poluído pelo desejo de colher o fruto - mesmo após ter matado alguém - ninguém mata ou é atado pelo ato de matar (18.17)

Aqueles que estão livres da noção de fazedor, e livres do querer e não querer de seus trabalhos, e desapegados dos frutos do trabalho, tornam-se livres das reações Kármicas, mesmo no ato de matar.

Nota do tradutor: devemos entender que Krishna está instruindo Arjuna antes de uma importante batalha, e que o arqueiro está numa atitude negligente em empreender a sua missão como tal. Este verso não deve ser entendido como uma licença para matar qualquer um sem motivo, até mesmo porque há um pesado karma sobre quem mata uma outra pessoa sem que tenha verdadeira razão e tenha sido autorizada a tal procedimento; mesmo porque, uma atividade livre de algum resultado é muito difícil de ser alcançada nos dias de hoje, pois trata-se de uma verdadeira Sadhana de constantes aperfeiçoamentos.
O sujeito, o objeto, e o conhecimento do objeto, são os tríplices condutores da força para uma ação. Os onze órgãos, o ato, e o agente ou os modos da natureza material, são os três componente da ação (18.18).

Os Três Tipos de Conhecimento
O autoconhecimento, a ação, e o agente diz-se que são de três tipos, de acordo com a doutrina Sankhya. Ouça a tempo sobre estes também (18.19).

O conhecimento pelo qual alguém vê como uma mesma coisa imutável, a indivisível divindade em todas as criaturas, está no modo da bondade (veja, também, 11.13 e 13.16) (18.20).

O conhecimento pelo qual alguém entende cada indivíduo como diferente um do outro, semelhante conhecimento está no modo da paixão (18.21).

O irracional, sem base, o conhecimento sem valor, pelo qual alguém se apega a um único efeito - como ao corpo - como se isso fosse tudo, semelhante conhecimento está no modo da escuridão ou ignorância (18.22).

Três Tipos de Ação

A atividade obrigatória, realizada, quer se goste ou não, sem motivos egoístas, e apego aos frutos, está no modo da bondade (18.23).

A ação realizada com egoísmo, com desejos egoístas, e também com muito esforço, está no modo da paixão (18.24).

A ação que é tomada por causa da ilusão, indiferente às consequências, perda, que cause dano aos outros, bem como a sua própria habilidade, está no modo da ignorância (18.25).

Três Tipos de Agentes

O agente que está livre do apego, que não é egoísta, doado, com determinação e entusiasmo, e que não se perturba no sucesso ou no fracasso é chamado de bom (18.26).

O agente que é impaciente, que deseja o fruto do trabalho, que é voraz, violento, impuro, e atingido pelo prazer e pela aflição, é chamado de apaixonado (18.27).

O agente que é indisciplinado, vulgar, teimoso, malvado, malicioso, preguiçoso, deprimido, e procrastinador é chamado de ignorante (18.28).

Três Tipos de Intelecto

Agora ouça a Minha explicação, plena e separadamente, da tríplice divisão do intelecto, e decida, baseado nos modos da natureza material, Ó Arjuna (18.29).

Ó Arjuna, aquele intelecto o qual entende o caminho da ação, e o caminho da renúncia; da ação certa e errada, medo e destemor, cativeiro ou liberação, está no modo da bondade (18.30).
O intelecto está ano modo da paixão quando não pode distinguir entre o reto agir (Dharma) e a ação contrária ao dever (Adharma), e a ação certa e errada, Ó Arjuna (18.31).
O intelecto está no modo da ignorância quando aceita a injustiça (Adharma) como sendo justiça (Dharma), e pensa tudo o que não é como sendo, Ó Arjuna (18.32).


Os Três Tipos de Resolução, e as Quatro Metas da Vida Humana

Quem decide estar no modo da bondade controla as funções da mente, Prana (força vital; bioimpulsos), e os sentidos, fazendo apenas boas ações, Ó Arjuna (18.33).

Quem decide pelo modo da paixão, pelo qual alguém deseja os frutos do trabalho, une-se à obrigação, à riqueza, e ao prazer com grande apego, Ó Arjuna (18.34).
Fazendo as obrigações, ganhar riqueza, desfrute material, e alcançar a salvação, são as quatro nobres metas da vida humana para um chefe de família na tradição védica (obs. do tradutor: trata-se de dharma, artha, kama e moksha). 
O Senhor Rama disse: aquele que está engajado apenas da gratificação dos sentidos, abandonando a responsabilidade, e adquirindo riqueza, em breve complica-se (VR 2.53.13). 

Aquele que usa as obrigações, adquirindo riquezas, e desfruta dos prazeres sexuais de modo balanceado, sem que uma coisa não danifica as outras duas, alcança a salvação (MB 9.60.22). 
Uma pessoa completamente envolvida em adquirir e preservar a riqueza material e posses, não tem tempo para a auto-realização (MB 12.07.41). 
Alguém pode obter todas as quatro nobre metas pela devoção por Deus (VP 1.18.24). 
Devemos primeiro seguir o Dharma, fazendo as obrigações corretamente. Então se ganha dinheiro e se faz progresso econômico, realizando todos os nobres desejos materiais e espirituais, com o dinheiro que foi ganho, dirigindo o progresso para a salvação, a única nobre meta do nascimento humano.

Os seres humanos estão sempre receando a morte, uma pessoa rica está sempre receosa do coletor de impostos, ladrão, parentes, e desastres naturais (MB 3.02.39). 
Há uma grande dor na acumulação, guarda, e perda de riqueza. Os desejos por acumular riqueza nunca é satisfeito; portanto, o sábio considera satisfeito com o prazer Supremo (MB 3.02.46). 
As pessoas nunca estão satisfeitas com a riqueza e as posses materiais (KaU 1.27). 
Devemos sempre nos lembrar que nós somos apenas os consignatários de todas as riquezas e posses.
Quem decide pelo modo da ignorância, pelo qual uma pessoa estúpida não abre mão de dormir, dorme (em demasia), tem medo, pesar, desespero, e desatenção Ó Arjuna (18.35).

Três Tipos de Prazeres

E agora ouça de Mim, Ó Arjuna, sobre os três tipos de prazer. O prazer que alguém desfruta pela prática espiritual resulta na cessação de todos os sofrimentos (18.36).

O prazer que aparece como veneno no começo, mas é como néctar no fim, vem pela graça do Autoconhecimento, e está no modo da bondade (18.37).

Aquele que desfruta do oceano de néctar da devoção, não faz uso do prazer sexual que é como água num reservatório (BP 6.12.22). 

O rio do gozo material seca rapidamente após a estação das chuvas se não há a o princípio da água espiritual. Os objetos materiais são como palha para uma pessoa auto-realizada.
O prazer sexual que aparece como néctar no começo, mas se torna como veneno no fim, está no modo da paixão (veja, também, 5.22) (18.38).

Dois caminhos - o benéfico caminho espiritual e o caminho dos prazeres sexuais - estão abertos para nós. O sábio escolhe o primeiro, enquanto o ignorante escolhe o último (KaU 2.020). 
Os prazeres sexuais colocam fora o vigor dos sentidos e trazem doenças no final (Ka U 1.26). Os prazeres sexuais não é o objetivo do precioso nascimento humano. Mesmo o desfrute celestial é temporário e termina em sofrimento. 
Aquele que está apegado aos deleites sexuais se comporta como um tolo que escolhe o veneno em troca do néctar da devoção (TR 7.43.01). As pessoas ignorantes, devido à ilusão, não pensam que elas estão tomando veneno enquanto o bebem. Elas apenas saber após o resultado, e então é tarde demais (VR. 7.15.19). 
É uma tendência natural dos sentidos se direcionarem, com facilidade, para os prazeres sexuais externos, como a água flui corrente abaixo. O arrependimento segue a satisfação de todos os desejos sexuais e materiais.
Os prazeres mundanos são como uma miragem no deserto. Uma pessoa com sede pensa que é água o que vê, até que ela volta a si e não encontra nada. A "felicidade" mundana é temporária e inconstante, enquanto que a felicidade produzida pela vida espiritual é permanente e contínua. Ramakrishna disse: "Não se sente intensa inquietação por Deus até que todos os desejos mundanos sejam satisfeitos". 

Manu é da opinião que, deste modo, talvez seja mais fácil controlar os sentidos, após desfrutar dos prazeres dos sentidos, e descobrir sua inutilidade e capacidade de causar danos (MS 2.96). 

A perda dos desejos torna-se fácil após a maioria dos nossos desejos estarem satisfeitos. Uma pessoa pode ser saudável e rica mas ainda será triste, se não experimentar o prazer espiritual. A maturidade espiritual da pessoa não a fará ter saudade dos prazeres mundanos.

O prazer que confunde uma pessoa no começo e que no fim resulta em sono, preguiça, e desatenção está no modo da ignorância (18.39).
Não há nenhum ser sobre a Terra ou entre os controladores celestes no céu que possa ficar livre destes três modos da natureza material (18.40).

A Divisão do Trabalho Está Baseada no Habilidade da Pessoa

A divisão do trabalho humano, dentro de quarto categorias, está baseada nas qualidades inerentes da natureza das pessoas ou constituição delas (veja, também, 4.13) (18.41).

No sistema Védico antigo, as atividades dos seres humanos eram segundo quatro categorias sociais, baseadas nos três modos da natureza material. Estas quatro ordens são frequentemente confundidas com o moderno sistema de castas na Índia, e em outro lugar que esteja baseando-se somente no nascimento. Estas quatro, universais, ordens sociais da sociedade humana, são descritas pelo Senhor Krishna, relacionando a natureza pessoal de cada um, qualidades, trabalho, e não o seu nascimento. 

Aqueles que estão dominados pelo modo da bondade e são pacíficos, e auto-controlados, são chamados de Braahmans. 
Aqueles que são controlados pela paixão e preferem engajar-se na administração e serviços de proteção são classificados como Kshatriyas
Aqueles sobre os modos mistos de paixão e de ignorância, engajam-se na agricultura e no comércio, sendo chamados de Vaishyas. 
Aquela maioria no modo inferior da ignorância são chamadas de Shudras, e suas naturezas são de servir as outras três ordens sociais.

Os Vedas comparam a sociedade humano com uma pessoa que possui quatro principais membros que representam amplamente os quatro trabalhos e trabalhadores na sociedade. Os Vedas também estatuem que Suas palavras são para toda a humanidade, para todas as pessoas (YV 26.02). há somente dois tipos (ou castas) de pessoas, o decente e o indecente (Gita 16.06).

Os intelectuais que possuem serenidade, autocontrole, austeridade, pureza, paciência, honestidade, conhecimento transcendental, experiência transcendental, e acreditam em Deus, são classificados como instruídos (Braahmans) (18.42).

Um intelectual é aquele que foi mencionado acima (CF. o Mb, 3.180.21). Qualquer um pode ser chamado de "intelectual" se ele ou ela possuem o divino presente do autoconhecimento (RV 10.125.05; AV 4.30.03). O intelectualismo é uma aquisição - uma qualidade ou estado da mente - assim como uma casta ou credo. Alguém iluminado quando conhece a Verdade Absoluta, e está em contato com o Ser Supremo, sendo um Braahmans realmente, e ficando próximo de Deus. Todos nascem iguais, mas podem se tornar inferior ou superior apenas pelas ações.

Não importa o setor de alguma sociedade dando predominância de casta, crença, raça, religião, cor, sexo, ou local de nascimento, sobre a habilidade individual, as sementes plantadas na sociedade, e por ineficiência, foram plantada no princípio para germinar. O demônio da discriminação não conhece fronteiras nacionais. Ele é praticado desafortunadamente por pessoas ignorantes por sobre todo o mundo, numa forma ou outra. Ele é uma tentação humana e um complexo de superioridade. 

O sábio deverá testar-se se submetendo a todos os tipos de sombras de preconceitos. Todos somos filhos de Deus, iguais nos Seus olhos, e devemos agir de modo semelhante. Uma pessoa, para o progresso da sociedade, deve ser julgada por sua habilidade, não por algum outro modelo.

Aqueles que possuem as qualidade de heroísmo, vigor, firmeza, habilidade, estabilidade na batalha, caridade, e dons administrativos são chamados de líderes, ou protetores (Kshatriyas) (18.43).
O protetor ideal possui firme, oposição rígida, para todos os malvados na sociedade. A obrigação (Dharma) de um protetor é de lutar contra toda a ação incorreta (Dadharma) e injustiça na sociedade.
Aqueles que são bons no cultivo, no cuidado com o gado, negócios, comércio, finanças, e indústria são conhecidos como homens de negócios (Vaishyas). Aqueles que são muito bons nos serviços e atividade são classificados como trabalhadores (Shudras) (18.44).

Um Shudra é uma pessoa que é ignorante no conhecimento espiritual e está identificada com o corpo material, devido a sua ignorância. De acordo como Senhor Krishna, estas quatro designações ou tipos não determinadas por nascimento. Uma pessoa tipo Shudra pode nascer em qualquer família. O resultado de uma atividade prévia de alguém, ou Karma, faz retornar a natureza e hábitos de alguém.
As pessoas também nascem com certas qualidade ou as desenvolvem através do treinamento e esforço. Aquele que não tem as qualidades requisitadas das quatro ordens da sociedade, não podem ser caracterizadas, impropriamente, somente pela virtude do nascimento ou posição.

A Obtenção da Salvação Através da Obrigação, Disciplina e Devoção

Alcança-se a mais elevada perfeição pela devolução pelo natural trabalho de alguém. Escute-Me como alguém alcança a perfeição enquanto engajado no seu trabalho natural (18.45).
Alcança-se a perfeição pela adoração ao Ser Supremo - de quem todos os seres se originam, e o qual a todo este universo penetra - através da execução da natural obrigação de cada um dedicando-a Mim (veja, também, 9.27; 12.10) (18.46).

O trabalho relativo à natureza da pessoa, ainda que inferior, é melhor do que o trabalho não natural à pessoa, mesmo que bem realizado. Aquele que faz um trabalho ordenado pela sua natureza inerente, sem qualquer motivo egoísta, incorre em pecado (ou reação kármica) (veja, também, 3.35) (18.47).

O trabalho natural de alguém, embora defeituoso, não deverá ser abandonado porque todas as obrigações são desenvolvidas pelos defeitos assim como o fogo é coberto pela fumaça, ó Arjuna (18.48).

Nada neste mundo possui apenas qualidade boas ou más. Não há tarefa perfeita. Toda a iniciativa possui tanto bons como maus aspectos (MB 12.15.50). Não importa o que você faz, mas como você o faz, isto que é importante. O trabalho transforma-se em adoração quando ele é feito numa atitude de adoração por Deus.

A pessoa cuja a mente está sempre livre do ao apego egoísta, que subjugou a mente e os sentidos, e que é livre dos desejos, alcança a suprema perfeição da liberdade do cativeiro do karma, através da renúncia do apego egoísta aos frutos do trabalho (18.49).

Aprenda de Mim brevemente, Ó Arjuna, como alguém que alcançou semelhante perfeição, ou a liberdade do cativeiro do Karma, alcançando o Ser Supremo, a meta do conhecimento transcendental (18.50).
Favorecido com o intelecto purificado; subjugando a mente com firme resolução; afastando-se dos ruídos e de outras coisas dos sentidos; abrindo mão do gostar e não gostar; vivendo na solidão; comendo ligeiramente; controlando a mente, a fala e os órgãos de ação; estar sempre absorto em Yoga da meditação; refugiando-se no desapego, e abrindo mão do egoísmo, da violência, do orgulho, da ira, e do sentimento de propriedade - torna uma pessoa pacífica, livre da noção de "Eu, meu, e para mim", e adequa-a para alcançar a união com o Ser Supremo (18.51-53).

Quando o archote da meditação funde-se no serviço abnegado, no autoconhecimento e no amor devocional durante o rápido estado de transe, os raios da iluminação irradiam, a divina comunhão é perfeita, o nevoeiro da ignorância desaparece, e todos os desejos materiais e sexuais se evaporam da mente.
Absorvido no Ser Supremo, a pessoa serena não sofre e nem deseja. Tornando-se imparcial para todos os seres, a pessoa obtém o mais elevado amor por Deus (18.54).

Pela devoção uma pessoa entende, verdadeiramente, o que, e quem, Eu sou em essência. Tendo Me conhecido em essência, imediatamente, a pessoa liga-se a Mim (veja, também, 5.19) (18.55).
Não há dúvida de que Deus pode apenas ser conhecido pelo pensamento de fé e inabalável devoção (BP 11;14;21). 
Existe inúmeras práticas espirituais - não apenas uma - prescritas nas escrituras para adquirir fé devoção firme. O conhecimento e a devoção são uma e mesma coisa, como uma árvore e suas sementes. O processo inteiro de espiritualidade ganha partida pela fagulha da graça que vem apenas com a fé, e não por outro método.

A ilusão de Maya impede a pessoa do conhecimento e visão de Deus. Assim como alguém não pode ver o sal todo-existente na água do oceano com os olhos, mas pode sentir o sabor pela língua, de modo similar, o Ser pode apenas ser realizado pela fé e devoção, não pelo raciocínio lógico. Deus pode ser realiza não apenas pela meditação e auto-conhecimento, mas também através do extático amor e intensa devoção de alguém pela deidade pessoal.

Somente Você pode conhecer a Você mesmo quando tornar-se conhecido de si mesmo; no momento que alguém conhece a Você, ele se torna uno Com você (TR 1.126.02). O conhecedor do Espírito torna-se como Espírito (BrU 1.04.10; MuU 3.020.09). O reino de Deus está dentro de você (Lucas, 17.21). Ninguém pode entrar no reino dos céus sem nascer de novo (pela realização de que não somos estes corpos, mas espíritos dentro de um corpo) (João, 3.03). Quem não receber o reino de Deus como uma criança, jamais entrará nele (marcos, 10.15). O Pai e Eu somos um )João, 10.30). O verdadeiro entendimento de Deus é tornar-se como Deus.

Um devoto Karmi Yogi alcança a eterna e imutável morada por Minha graça - mesmo enquanto realiza a sua obrigações - apenas por tomar refúgio em Mim (por dedicar todas as ações para Mim com amor e devoção) (18.56).
Ofereça sinceramente todas as ações para Mim, coloca-Me como a sua meta suprema, e dependa completamente de Mim. Fixe a sua mente em Mim, e se refugie em Karma Yoga (18.57).

Tudo antes de ser usado ou comido deve primeiro ser oferecido para o Senhor, quem dá todas as coisas, antes de colocarmos as coisas para nosso uso próprio. Isto inclui - mas não é limitado para - alimentos, uma nova roupa, um novo carro, uma nova casa, e um bebê recém nascido. 

Oferecer tudo para o Senhor é a mais alta forma de adoração que alguém deve aprender e praticar todo o dia. De acordo com Swami Chidananda Saraswati (Munijii) este verso tem a intenção de ter o Seu nome (nome de Deus) no seu coração e nos seus lábios, e para ter Seu trabalho em suas mãos.

O karma Yoga salva alguém de ser confundir-se no ciclo da roda de transmigração e conduz a liberação. O KarmaYoga é recomendado mesmo para aquele que não acredita em Deus, para quem não tem conhecimento de Deus, para quem não possui fé e devoção e, conseqüentemente, não pode seguir qualquer outro caminho espiritual.

Você superará todas as dificuldades por Minha graça, quando a sua mente tornar-se fixa em Mim. Mas se você não escutar isto de Mim, devido ao ego, você perecerá (18.58).

O Cativeiro Kármico e o Livre Arbítrio

Se devido ao egoísmo você pensa: "eu não irei lutar"!, você resolverá em vão, porque a sua própria natureza deve compelir você para a luta (18.59).

Ó Arjuna, você é controlado por sua própria natureza, nascida nas impressões Kármicas. Portanto, tem de fazer - mesmo contra o seu querer - o que você não deseja fazer, devido a ilusão (18.60).

A mente, frequentemente, conhece o que é certo e errado, mas corre atrás do mal -relutantemente - pela forçadas impressões Kármicas. O sábio deverá sempre manter isto em sua mente antes de encontrar faltas nos outros.

Nós Nos Tornamos os Fantoches de Nosso Próprio Livre-Arbítrio

Para satisfazer o livre arbítrio o ignorante, estupefato pelos três modos da natureza material, o bom Senhor cria um ambiente condizente para ocupar em ações indesejadas. Nosso livre arbítrio nos limita como uma guia limita um cão. Como um facilitador, Deus corresponde com todos de acordo com seus desejos e deixa-os realizar os desejos criados pelo livre arbítrio. 

O Senhor usa Sua energia cinética ilusória, chamada de Maya, para engajar as entidades vivas em bons e maus atos, de acordo com seus desejos e seu bom ou mau Karma previamente acumulado
O Senhor Supremo - como o controlador habitante na psique interior de todos os seres - motiva-os para trabalhar nos seus Karmas, como um fantoche (do karma criado pelo livre arbítrio), montados numa máquina (18.61).

O controlador Supremo (Ishvara) é o reflexo do Espírito Supremo no corpo. O Senhor Supremo organiza, controla, e direciona tudo no universo.

O Senhor faz as leis Kármicas enquanto controlador de todas as entidades vivas. Então, necessitamos estudar com paciência prolongada tudo o que o destino impõe pegando refúgio n´Ele, e seguindo Seus mandamentos (TR 2.218.02). Os Vedas declaram que o Senhor, usando o Karma, nos faz dançar como um malabarista faria seu macaquinho dançar (TR 4.6.12). 

Sem as leis do Karma, as injunções escriturais, proibições, bem como o autoesforço não terão valor como tais. O Karma é a justiça eterna e a lei eterna. Como um resultado do trabalho da justiça eterna, ali não pode haver fuga das consequências de nossas ações. Nós nos tornamos o produto de nosso próprio passado, pensamento e ação. portanto, nós devemos pensar e agir com prudência no momento presente, usando as escrituras como guia.

A doutrina do Karma e da reencarnação é também encontrada nos seguintes versos do Corão: "Allah é Ele quem criou você, e portanto, sustenta você; por isso causa a sua morte e dá a vida a você de novo (Surah 30.40). Ele pode recompensar aqueles que acreditam e fazem boas ações. 

Ninguém pode escapar das consequências dos seus atos; para o que semeamos nós colhemos. A causa e o efeito não podem ser separados porque os efeitos existem na causa como no fruto existente na semente. As boas e más ações nos seguem continuamente como nossas sombras.

A Bíblia também diz: quem quer que derrame o sangue do homem pelo homem derramará seu sangue (Gênesis, 9.06). Acredita-se que todas as referências ao Karma e reencarnação foram retiradas da Bíblia durante o segundo século, com o nobre propósito de encorajar as pessoas para se esforçarem durante esta vida. 
Aqueles que acreditam em reencarnação devem evitar a preguiça e o adiamento, disciplina espiritual intensa, e tentar o pegar o melhor da autorrealização nesta vida como se não houvesse reencarnação. Viver como se este fosse o último dia na Terra. Não podemos alcançar qualquer coisa através da preguiça e adiamento.

Não se pode levar a riqueza, a fama, e o poder daqui para o futuro; mas pode-se transformar isto para dentro de um bom ou mau Karma, e trazer no interior de uma vida futura. Mesmo a morte não pode tocar o Karma de alguém. Aqueles que agem com muita piedade nas suas vidas passadas alcançam a fama nesta vida sem muito esforço.

Procure refúgio no Senhor Supremo apenas, com amor e devoção, ó Arjuna. Por Sua graça você terá paz suprema, e alcançará a Morada Eterna (18.62).
Assim, eu expliquei para ti o mais secreto dos conhecimentos. Após refletir plenamente sobre isto, fala o que você desejar (18.63).

O Caminho da Rendição é o Fundamental Para Deus

Ouça novamente Minhas mais secretas e supremas palavras. Você é muito querido para Mim; portanto, Eu direi isto para o seu benefício (18.64).
Fixe a sua mente em Mim, seja devotado a Mim; ofereça o serviço para Mim; reverencie a Mim, e você certamente irá alcançar-Me. Eu prometo a você porque você é meu amigo muito querido (18.65).

Ponha de lado todas os feitos meritórios e rituais religiosos, e simplesmente renda-se por completo a Mim, com fé firme, amor e devoção. Eu irei libertar você de todos os pecados, as amarrados do Karma. Não sofra (18.66).

O significado de abandonar todas as obrigações e tomar refúgio no Senhor é de que um buscador deverá realizar todas as suas obrigações sem apego egoísta, oferecendo tudo ao Senhor, e ser total e unicamente dependente de Deus, por ajuda e guia. O Senhor assume a total responsabilidade para a pessoa que depende totalmente d´Ele. Se você encontrar uma boa solução e apegar-se a ele, a solução irá em breve tornar-se o próximo problema. 

As escrituras dizem: o sábio não deve apegar-se, mesmo às ações corretas, durante toda a sua vida, mas deverá engajar a sua mente e o intelecto na contemplação do Ser Supremo (MB 12.290.21). Deve-se desenvolver um espírito de genuína autorrendição para o Senhor, oferecendo tudo a Ele, incluindo os frutos da disciplina espiritual. Nós devemos conectar todo o nosso trabalho como Divino. O mundo é controlado pelas leis ou desejos de Deus. Têm-se que aprender com o querer de Deus. Sejamos agradecidos na prosperidade e aceitar a adversidade pro Ele desejada.

A ordem é liberar-se nos resultados nas ações piedosas ou impiedosas, que cegam alguém neste mundo material; sendo necessário oferecer cada ação para Deus. Quando um devoto trabalha com sinceridade para Deus, Deus protege o devoto do toque de Maya, a energia externa do Senhor. Se alguém, voluntariamente, depende do Senhor Supremo, em todas as circunstâncias, então os bons e maus resultados (dos pecados) do trabalho, automaticamente, irão até Ele, e nos tornamos livres do pecado.

Um verdadeiro devoto observa: Ó Senhor, eu me lembro de Vós porque Vens em primeiro lugar. Quebra-se todas as correntes do cativeiro e nos tornamos livre mesmo nesta vida tão logo se adquire o saber e a firme convicção que tudo é feito pelo desejo de Deus, e que este é o Seu mundo, Seu passatempo, e Sua batalha, não nossa, e observando a nós mesmos como meros atores no jogo divino, e o Senhor como o grande diretor do drama cósmico da alma, no estágio da criação. 

A rendição do desejo individual para o desejo divino, é a culminância de toda a prática espiritual, resultando na prazerosa participação no drama das alegrias e tristezas da vida. Isto é chamado de liberação, ou Mahayana no Budismo. Não se pode entender Deus sem que se liberte da noção de fazedor ou proprietário. A graça de Deus é despertada quando nos tornamos firmemente convictos que não somos "fazedores", alcançando-se imediatamente a liberdade nesta vida. O Senhor arranja para o conhecimento da autorrealização revelado-o para uma alma rendida.

Render-se a Deus não envolve abandonar o mundo, mas realizar que tudo acontece de acordo com Suas leis e por Sua direção e poder; reconhecer plenamente que tudo é controlado e governado pelo plano divino é render-se a Ele. Na rendição, deixa-se o plano divino regular a vida sem abandonar o melhor esforço. Isto é a renúncia completa da existência individualista ou o ego. 

Este é o sentimento: Ó meu amado Senhor, nada é meu; tudo, incluindo meu corpo, mente e ego, é Seu. Eu não sou Deus, mas um servo de Deus; salve-me do oceano da reencarnação. Eu tentei sair do oceano do mundo material, usando todos os métodos, ditos nas escrituras, e falhei. Agora eu descobri o processo final, o processo de buscar a graça divina através da oração e da rendição. 

Deus pode ser descoberto pelo buscador com a Sua ajuda no descobrimento, e não apenas por práticas espirituais. Assim, inicia-se a jornada espiritual como um dualista, experiência o monismo, e novamente retorna-se ao dualismo. Uma jornada bem sucedida inicia e termina no mesmo lugar.

O processo de rendição pode ser chamado de o quinto ou último caminho do yoga - os outros quatro são o caminho do serviço abnegado, o conhecimento metafísico, devoção e meditação. O Senhor Deus direciona a mente e os sentidos das entidades vivas de acordo com o seu karma nascido dos desejos.
Mas no caso de rendição dos devotos, portanto, ele controla os sentidos diretamente de acordo com os Seus desejos e para o melhor proveito do devoto. 

Deixe-O ser o dirigente da sua jornada espiritual e você simplesmente aprecie a caminhada. Muniji, maravilhosamente, explicou este processo. Ele disse: "Cada dor, cada saudade, cada desconforto, torna-se um presente e graça Seus quando você coloca isso no Seu abrigo. Se você coloca as rédeas de seu carro-vida nas Suas mãos, você será sempre feliz, sempre estará em paz. Esta é a lição da rendição final".

Este é a graça divina ou poder, que vem na forma de autoesforço. A graça divina e o autoesforço, bem como o dualismo e o monismo, são nada mais do que os dois lados de uma mesma moeda da Realidade. A graça de Deus está sempre disponível - alguém tem de coletá-la. 

Conseguir a graça não é fácil. Consegue-se a graça pela sinceridade, disciplina e esforço espiritual. A graça é a nata do esforço - nosso próprio Karma bom. Diz-se que o esforço é absolutamente necessário, mas o último degrau da escada para o Supremo não é autoesforço, mas a oração por Sua graça no espírito de rendição. 

Quando tudo está rendido a Ele, e se entende verdadeiramente que Ele é a meta, o caminho, a viagem, bem como os obstáculos do caminho, vício e virtude, tornam-se impotentes e inócuos, como uma cobra sem os caninos.

Segundo Shankara, se qualquer objeto outro exceto o Ser Supremo - o Campo da Energia Cósmica - mostra-se como existência, ele é irreal como uma miragem ou como a presença de uma cobra numa corda. 

Quando alguém entende com firmeza que não há nada exceto o Ser Supremo e Seu suporte, todo o Karma é extinto; rendendo-nos aos Seus desejos, alcança-se a salvação. Yukteshwar disse: "A Vida humana está assentada com sofrimento até que nós descobrimos como nos render ou nos direcionar com o querer divino, que está embaçado em nosso intelecto". 

O Corão diz: "Quem quer que siga a Minha guia, nenhum medo cairá por sobre ele; nem eles sofrerão" (Surah, 2.38). Os Upanishads dizem: O conhecedor do Supremo ultrapassa o sofrimento.
Este conhecimento jamais deverá ser falado para quem não é devotado, que não tem austeridade, que é sem devoção, que não quer ouvir, ou que fala mal de Mim (18.67).

Falar da sabedoria para uma pessoa iludida; glorificar em sacrifício a uma personalidade mesquinha; aconselhar o controle dos sentidos para uma pessoa irascível, e discursar sobre o Senhor Rama, explorando a lascívia, é tão imprestável como semear em chão estéril (TR 5.57.01-02). 

Não é qualquer alma que acredita, salvo a permissão de Allah. Você não deverá compelir alguém a acreditar (Surah 10.100-101). Qualquer um a quem Deus não concedeu a luz (do conhecimento) não terá luz (Surah 24.40). O estudo do Gita é um meio apenas para pessoas sinceras. De acordo como Ramakrishna, pode-se entender Deus até que Ele faça-nos entender. O Guru Nanak disse: "Ó amado; somente àqueles a quem dá o conhecimento divino, obtêm-no".

De acordo com a Bíblia: não dê o que é sagrado aos cães. Não jogue pérolas aos porcos. Eles irão apenas pisoteá-los por sob os seus pés (Mateus, 7;06). Ninguém chegará a Mim a menos que o Pai que Me enviou atrair ele ou ela para Mim (João 6.44). 
O recipiente do conhecimento necessita ter inclinação espiritual e busca sincera. O conhecimento dado sem ser perguntado é sem propósito, e deve ser evitado. Há um tempo para tudo sob o céu. Nós não podemos mudar o mundo; nós podemos apenas mudar as vidas de umas poucas almas sinceras cujo o tempo para uma mudança chegou por Sua graça.

O Mais Elevado Serviço Para Deus, O Melhor , A Caridade
Aquele que propagar esta filosofia secreta - o transcendental conhecimento do Gita - entre Meus devotos, realizará o mais elevado serviço devocional para Mim, e certamente virá até a Mim, e não haverá ninguém sobre a Terra que seja mais querido por Mim (18.68-69).

A ignorância é a mãe de todos os pecados. Todas a qualidades negativas, como o luxúria, a ira, o orgulho, nada mais são do que manifestações da ignorância. Dar o presente do conhecimento é a melhor caridade. É equivalente a dar o mundo inteiro em caridade (MB 12.209.113). 

O melhor bem-estar é o ajudar os outros a descobrir a sua real natureza, que é a origem da eterna felicidade, melhor do que prover de coisas materiais e confortos para uma felicidade temporária. A Bíblia diz: Quem quer que obedeça a lei, e ensina os outros o mesmo, será grande no reino dos céus (Mateus, 5.19). A felicidade não é alcançada pela riqueza e gratificação dos sentidos, mas através da fidelidade a uma causa digna (Helen Keller).


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